A janela aberta

Ela está sentada na cama, assiste a tudo chorando, não pode evitar. Fez tudo que podia. Agora chora.

Um cínico e um sanguíneo juntos e discutindo, não há nada a fazer. O pedido ‘por favor, parem’ sai como sussurro. Frases cortantes como navalha, palavras como armas. Insiste um pouco mais rouca ‘por favor… Parem’. Nada.

Mesmo de longe é ferida gravemente, mas só chora. Podia falar muito que há muito guarda, memórias dolorosas, transformadas em cálculos, são difíceis de sair, não saem. Ao contrário dos outros, ela mede suas palavras. Tem consciência de quão dolorosas poderiam ser para todos ali presentes e alguns outros distantes do calor da briga.

Em meio a isso, um lampejo surge  ‘a janela’. ‘O que?’ pensa consigo mesma. ‘A janela está aberta’. Não precisou se virar em sua direção para confirmar o fato, a brisa entrava suave e fresca, alheia a tensão do momento.  ‘Não notarão pelo menos até ser tarde demais’.

A brisa. Ela fazia sua cabeça doer, a dor lhe dava flashbacks, d’javús e uma náusea angustiante.

A janela logo ali, aberta. ‘Está perto dela…  Talvez uma tragédia os unisse… ’ Tenta dissipar esse pensamento, essa voz, mas sabe que esta vem dela e tem medo.  ‘A janela’. Fácil, a gravidade sempre ajuda. Não doí mais que este momento… Baque surdo e um estalo distante.

Um momento, ‘onde está ela’? ‘Estava ali, perto da janela. ‘

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